Servidor multimídia em Linux: guia completo para transformar seu PC em central de mídia

Última actualización: dezembro 13, 2025
  • Configurar um servidor multimídia em Linux permite centralizar filmes, séries, músicas e fotos e distribuí-los para TVs, consoles, celulares e PCs na rede.
  • Há diversas soluções de software, de Kodi, Plex e Jellyfin a servidores DLNA como Home Media Server, Gerbera e Universal Media Server, cada uma com recursos e licenciamento próprios.
  • O suporte a hardware como CPUs Ryzen, GPUs Radeon e discos grandes é sólido nas distros modernas, permitindo combinar SSD para o sistema e HDDs (com ou sem RAID) para a biblioteca de mídia.
  • O sucesso do projeto depende de integrar corretamente servidor, firewall e aplicativos clientes, garantindo que TVs, consoles e smartphones encontrem e reproduzam a mídia sem travas.

Servidor multimídia em Linux

Montar um servidor multimídia em Linux hoje é uma das maneiras mais práticas de centralizar filmes, séries, músicas e fotos e acessá-los de qualquer dispositivo da casa, seja uma TV inteligente, um console como Xbox ou PlayStation, um celular Android, um iPhone ou até um computador com Windows. Com o ecossistema de software atual – Plex, Jellyfin, Kodi, Emby, DLNA, entre muitos outros – você consegue transformar um PC antigo, um Raspberry Pi (um tipo de microcomputador) ou até um notebook encostado em um verdadeiro “Netflix particular”.

Ao mesmo tempo, quem está começando no Linux costuma ficar perdido entre distros, drivers, RAID, DLNA, Snap, clientes para TV e configurações de rede. Muita gente segue tutoriais, sobe um servidor e depois não consegue enxergá-lo no celular ou no videogame, ou não sabe qual app usar na TV. Neste guia em português, vamos reunir e reorganizar de forma detalhada tudo o que aparece nos conteúdos mais bem posicionados sobre “servidor multimídia em Linux” e somar a isso boas práticas atuais, para que você saia daqui com uma visão completa do que dá para fazer e como escolher as ferramentas certas.

O que é um servidor multimídia em Linux e por que usar

Um servidor multimídia é um software que organiza e disponibiliza seus arquivos de áudio, vídeo e imagens na rede para que outros dispositivos possam descobri-los e reproduzi-los. Na prática, ele transforma seu PC ou NAS em uma central de mídia acessível pela TV, consoles, celulares, tablets e outros computadores, geralmente usando protocolos como DLNA/UPnP, HTTP ou clientes proprietários.

No Linux, essa ideia é especialmente atraente porque você pode usar desde um desktop potente até uma máquina simples, como um Raspberry Pi ou um notebook antigo, dedicando-os exclusivamente a servir mídia. A interface de consumo pode ser bem visual, com capas, sinopses, trailers, temporadas organizadas e playlists de música, ou pode ser algo super leve, apenas navegando por pastas compatíveis com DLNA.

Muita gente conhece o Linux apenas como “sistema de programador”, mas isso é um mito: o sistema possui uma série de ferramentas excelentes para quem trabalha com arte digital, música, escrita e, claro, também para quem só quer consumir conteúdo multimídia com conforto. Inclusive, montar um media center com Linux (muitas vezes com Raspberry Pi) virou um dos projetos DIY mais comuns entre entusiastas.

Além de ver filmes e séries baixados via torrent na TV, um servidor multimídia em Linux também pode funcionar como parte de um NAS caseiro, permitindo armazenar backups de documentos, fotos do PC principal e arquivos em geral, tudo em um único local, com redundância se você configurar RAID ou outra forma de proteção de dados.

Escolhendo hardware e distro para o servidor multimídia

A boa notícia é que montar um servidor multimídia em Linux não exige hardware de ponta, mas vale entender alguns pontos de compatibilidade, especialmente se você está pensando em usar componentes AMD Ryzen, placas B450 e GPUs Radeon mais antigas, como a RX 580, que são bem comuns hoje em reaproveitamento de PCs.

Em geral, CPUs AMD Ryzen são muito bem suportadas pelas distribuições modernas, incluindo Linux Mint, Ubuntu, Debian, Fedora e derivadas. Placas-mãe B450 também costumam funcionar sem problemas, desde que você mantenha o kernel relativamente atualizado e, se possível, esteja com BIOS em versão estável recente.

A GPU Radeon RX 580, apesar de já não ser nova, é suportada pelo driver open source amdgpu, que vem integrado no kernel e no stack gráfico da maioria das distros. Antigamente havia mais dor de cabeça com drivers proprietários da AMD, mas hoje, para uso em servidor multimídia e até media center com interface gráfica (Kodi, por exemplo), o suporte normalmente é tranquilo, sem necessidade de instalar drivers proprietários na maioria dos casos.

Sobre armazenamento, o cenário típico é ter o sistema operacional em um SSD e um ou mais HDDs grandes para guardar a biblioteca de mídia. Um SSD de tamanho modesto já deixa o sistema ágil; para a mídia em si, discos de 4 TB, 8 TB ou mais são os mais interessantes. Caso pretenda expandir depois, vale considerar desde já como será o esquema de RAID ou de expansão da pool de armazenamento.

Se quiser usar software RAID 5 ou similar no Linux Mint (ou qualquer distro baseada em Debian/Ubuntu), o caminho padrão é o mdadm, que permite montar arrays RAID via software sem precisar de controladora dedicada. É um recurso poderoso, mas recomenda-se que quem está começando estude bem os conceitos de RAID, backups e recuperação, pois RAID não substitui cópia de segurança externa.

Quanto à escolha da distribuição, Linux Mint é uma ótima opção amigável para iniciantes, especialmente se você também planeja usar a máquina como desktop ocasional; se vem do Windows, consulte nosso guia de transição do Windows para Linux. Mas qualquer distro estável serve muito bem como servidor de mídia: Ubuntu Server, Debian, Fedora, openSUSE e até distros minimalistas funcionam, desde que você consiga instalar os pacotes do software de media server desejado ou usar contêineres (por exemplo, Docker).

Implementações e protocolos: DLNA, HTTP e soluções proprietárias

Os servidores multimídia em Linux podem usar diferentes protocolos e abordagens para entregar conteúdo. De forma geral, você encontrará três grandes grupos: DLNA/UPnP, players/servidores completos com clientes próprios (como Plex e Jellyfin) e soluções híbridas baseadas em sistemas específicos, como Kodi, OSMC ou LibreELEC.

DLNA/UPnP é o padrão mais tradicional para “ver arquivos da rede” na TV. TVs Philips (SimplyShare), Sony, Samsung (AllShare), LG (SmartShare), Toshiba, consoles como PS3, PS4, Xbox 360/One e muitos players de mídia independentes conseguem enxergar automaticamente um servidor DLNA na rede e listar fotos, músicas e vídeos por pastas ou categorias.

Além do DLNA, muitos servidores oferecem acesso por HTTP com um player HTML5, o que permite que dispositivos sem suporte DLNA direto acessem a biblioteca pelo navegador, bastando digitar o endereço do servidor. Isso também é útil em notebooks, tablets e até em smart TVs com navegador decente.

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As soluções proprietárias ou semipropietárias – como Plex e Emby – vão além do DLNA clássico, oferecendo aplicativos para múltiplas plataformas, streaming fora de casa, transcodificação avançada e recursos de conta de usuário. Já Jellyfin segue uma linha semelhante ao Emby, porém totalmente open source, sem versão paga.

Principais softwares de servidor multimídia para Linux

No ecossistema Linux, existe uma enorme variedade de programas que podem atuar como servidor de mídia, player local ou ambos. Alguns são totalmente livres (FOSS), outros proprietários ou híbridos. A seguir, detalhamos os mais conhecidos e bem suportados atualmente.

Kodi

Kodi é um dos players multimídia mais completos e populares, capaz de funcionar como media center local e, em combinação com complementos, como front-end para servidores remotos. Ele é gratuito e aberto, com uma comunidade enorme e ativa, o que significa muitos temas, extensões e suporte.

A interface do Kodi é um dos seus pontos fortes, com visual moderno, navegação por capas, sinopses, trailers, temporadas organizadas, bibliotecas de música e muito mais. Ao configurar as fontes de mídia (pastas locais ou compartilhamentos de rede), você pode usar scrapers para puxar metadados de serviços como TheMovieDB, TheTVDB etc.

Em muitos casos, o Kodi é usado como sistema completo de media center, rodando em modo full screen em um PC conectado à TV ou em um Raspberry Pi. Ele também pode trabalhar em conjunto com backends de servidor como Emby, Jellyfin ou Plex (via add-ons), onde o servidor organiza e provê a mídia, e o Kodi assume a interface na sala.

No Ubuntu e derivados (como Linux Mint), a forma mais comum de instalar o Kodi é usar o PPA oficial ou um pacote Flatpak. Pelo PPA, você adiciona o repositório da equipe XBMC, atualiza a lista de pacotes e instala o pacote kodi. Via Flatpak, basta instalar a aplicação a partir do Flathub, que já vem com alguns complementos pré-configurados.

Plex

Plex é um servidor multimídia muito popular que se destaca por oferecer aplicativos oficiais para praticamente qualquer dispositivo: TVs inteligentes, smartphones, tablets, consoles, Chromecast, Apple TV, web e até alguns set-top boxes de operadoras. Ele organiza sua biblioteca com metadados ricos e sincroniza o estado de reprodução entre dispositivos.

Diferentemente do Kodi, Plex não é software livre. Ele fornece uma conta gratuita com um conjunto amplo de recursos, suficiente para montar um “Netflix particular” em casa, mas também oferece um plano de assinatura (Plex Pass) que desbloqueia funções extras, como recursos avançados de sincronização, estatísticas detalhadas de uso, suporte estendido para determinados clientes, TV ao vivo com DVR e outros.

Um diferencial forte do Plex para audiófilos é a integração com o serviço de streaming TIDAL, permitindo misturar sua biblioteca local com o catálogo online em uma única interface. O Plex também pode integrar TV ao vivo se você adicionar um sintonizador compatível.

No Linux, você instala o Plex Media Server normalmente baixando o pacote .deb oficial para distribuições baseadas em Debian/Ubuntu e instalando-o com o gerenciador de pacotes (ou usando ferramentas como GDebi). Ele também disponibiliza clientes desktop em formatos como Snap, além dos apps para mobile e smart TVs.

Jellyfin

Jellyfin é uma alternativa totalmente open source a servidores como Plex e Emby, derivada de um fork do Emby quando este mudou seu modelo de licença. Ele se destaca por oferecer uma gama ampla de recursos sem cobrar assinatura, nem impor limitações artificiais na versão gratuita.

Com o Jellyfin, você pode montar um servidor de mídia para filmes, séries, música, fotos e até TV ao vivo, com clientes para navegadores, apps mobile, algumas smart TVs e, em muitos casos, integrações com Kodi e outros front-ends.

O projeto fornece pacotes para várias distribuições Linux, Windows e macOS, além de imagens Docker e até opções portáteis. Em distros baseadas em Debian, é comum instalar via repositório próprio do Jellyfin, adicionando o repositório pela linha de comando e instalando com o gerenciador de pacotes.

A documentação oficial do Jellyfin é bastante detalhada, explicando como instalar, configurar bibliotecas, ativar transcodificação, habilitar HTTPS, ajustar permissões de usuários, entre outras tarefas importantes para um servidor doméstico robusto.

LibreELEC

LibreELEC é uma distribuição Linux minimalista focada inteiramente em rodar Kodi como sistema principal. Em vez de instalar Kodi em uma distro genérica, você instala o LibreELEC em dispositivos como PCs e, principalmente, placas como Raspberry Pi, e já tem um media center completo pronto para uso.

Por ser baseado em Kodi, o LibreELEC herda suporte a DRM e conteúdos protegidos, o que é útil para quem quer acessar serviços de streaming oficiais via add-ons (quando permitido). Ele também se encaixa bem em cenários onde você combina Kodi com um servidor de mídia dedicado, como Emby, Plex ou Jellyfin.

Um ponto forte do LibreELEC é que ele fornece builds específicos para placas únicas (SBCs) como Raspberry Pi, tornando o processo de transformar um Pi em media center extremamente simples: você baixa o instalador oficial, cria um pendrive ou cartão SD inicializável e segue o assistente de instalação na própria TV.

Emby

Emby é um servidor multimídia proprietário que, em termos de funcionalidade, compete diretamente com Plex e Jellyfin. Ele oferece recursos avançados de organização de biblioteca, controle de usuários, streaming para múltiplos dispositivos, transcodificação e TV ao vivo, entre outros.

Você pode começar usando o Emby gratuitamente, mas os recursos completos – especialmente suporte avançado a clientes como Android, PS4, Xbox One, backup e restauração de configurações, sincronização de pastas e outros extras – exigem a assinatura Emby Premiere. Para quem busca uma solução com forte foco em controle granular de bibliotecas e usuários, Emby é uma opção sólida.

Para Linux, o Emby disponibiliza pacotes .deb para diversas arquiteturas, especialmente voltados a sistemas baseados em Ubuntu. Há também suporte em repositórios do Arch Linux e instruções específicas para Fedora, CentOS, Debian e outras distros na página oficial de download.

Gerbera

Gerbera é um servidor de mídia UPnP/DLNA relativamente simples, herdeiro direto e aprimorado do antigo MediaTomb. Ele é ideal para quem quer algo leve, focado apenas em servir mídia pela rede usando protocolos padrão, sem toda a camada de interface avançada de Plex ou Jellyfin.

Uma vantagem importante do Gerbera é o suporte à transcodificação, permitindo converter arquivos de áudio e vídeo em formatos que o dispositivo de destino consegue reproduzir, o que ajuda muito ao lidar com TVs ou players mais antigos ou limitados.

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Apesar de não ser tão popular quanto Plex, Jellyfin ou Emby, o Gerbera continua sendo útil em cenários onde as opções mais pesadas falham, ou quando se deseja apenas um servidor DLNA básico e confiável. Ele pode ser especialmente interessante em redes com múltiplos dispositivos que já falam UPnP nativamente.

Em distribuições baseadas em Ubuntu, você costuma instalar o Gerbera adicionando o repositório oficial (incluindo a chave GPG) e depois instalando o pacote via apt. Para outras distros, a documentação oficial explica as alternativas.

OSMC (Open Source Media Center)

OSMC é um media center de código aberto, também baseado em Kodi, mas com sua própria interface elegante e limpa. Ele se foca em simplicidade e solidez, entregando uma experiência de uso direta na TV, com menus bem organizados e responsivos.

Assim como LibreELEC, o OSMC é pensado para rodar em dispositivos dedicados, não necessariamente como pacote dentro de outra distro. Ele traz builds para Raspberry Pi, alguns modelos de Apple TV de 1ª geração e, em geral, dispositivos ARM ou pequenos PCs.

A equipe do OSMC também vende um dispositivo próprio chamado Vero 4K+, que vem com o sistema pré-instalado e suporte completo a vídeo 4K com áudio HD, tornando-o uma opção de appliance pronto para uso de media center baseado em Linux.

Universal Media Server

Universal Media Server é outro servidor simples voltado a streaming e transcodificação de áudio e vídeo, com foco grande em compatibilidade com DLNA. Ele detecta dispositivos como PS3, Xbox 360 e outros players DLNA e tenta facilitar ao máximo a transmissão, sem exigir configurações muito complicadas.

Ele não oferece tantos recursos “sofisticados” de biblioteca quanto Plex ou Emby, mas é leve e prático para quem só quer compartilhar alguns diretórios de mídia pela rede. Em muitos casos, basta instalar, apontar as pastas e deixar que os clientes DLNA encontrem o servidor.

Red5 Media Server

Red5 é um servidor de mídia free e open source mais voltado ao uso corporativo e a soluções de transmissão ao vivo. Em vez de servir apenas filmes e músicas, ele é comumente usado para streaming de vídeo ao vivo, conferências, eventos e aplicações de vídeo interativo.

Para projetos que exigem escalabilidade, transmissão em larga escala ou integrações corporativas, o Red5 pode oferecer soluções pagas e opções de licenciamento para mobile e alta escala. Ele foge um pouco do uso típico de “cinema em casa”, mas ainda é parte do universo de servidores multimídia baseados em Linux.

Serviio

Serviio é um servidor de mídia gratuito (mas não open source) com boa compatibilidade em múltiplos sistemas operacionais, incluindo Linux. Ele fornece os recursos essenciais de um servidor DLNA e, na edição profissional, adiciona funções mais avançadas.

A versão paga do Serviio libera funcionalidades adicionais e um aplicativo Android com mais recursos, enquanto na edição grátis você já consegue transmitir conteúdo local ou online com suporte à transcodificação, o que é suficiente para muitas instalações domésticas.

No Linux, o Serviio normalmente é distribuído como um pacote tar. Os desenvolvedores recomendam instalar o FFmpeg como pré-requisito, pois ele é usado para tratar e transcodificar vídeos. A melhor referência é o guia oficial, que explica a extração do tar, configuração inicial e scripts de inicialização.

Servidor DLNA Home Media Server via Snap no Linux

Entre as opções voltadas especificamente para DLNA/UPnP, o Home Media Server (UPnP, DLNA, HTTP) se destaca por ser distribuído via Snap para Linux, facilitando muito a instalação em distros que suportam essa tecnologia, como Ubuntu e derivadas.

O Home Media Server disponibiliza fotos, músicas e vídeos do seu computador para dispositivos UPnP/DLNA na rede doméstica, incluindo TVs Philips, Sony, Samsung, LG, Toshiba, consoles como PlayStation e Xbox, set-top boxes como WD TV Live, dispositivos iOS (iPad/iPhone/iPod), Apple TV (via AirPlay), Chromecast (Google Cast), além de celulares e PDAs compatíveis.

Um dos pontos fortes do Home Media Server é o suporte nativo a transcodificadores de áudio e vídeo, permitindo que o servidor converta arquivos em formatos incompatíveis para o formato suportado pelo dispositivo de reprodução. Ele também possibilita ajustar proporção de tela (aspect ratio), escolher trilhas de áudio e legendas durante a transcodificação.

O software oferece uma pasta específica de vídeo do tipo “Photo (Slideshow)”, ideal para exibir coleções de fotos como apresentações em TVs e outros dispositivos, aproveitando o DLNA para transformar o televisor em um mural de fotos digital.

No que diz respeito a legendas, o Home Media Server suporta tanto legendas internas quanto externas, inclusive com a possibilidade de “queimar” (impor) legendas 2D e 3D durante o processo de transcodificação, garantindo compatibilidade mesmo com players que não lidam bem com arquivos de legenda separados.

Outro recurso avançado é o controle de dispositivos DMR (Digital Media Renderer), permitindo controlar a reprodução em TVs e caixas de som inteligentes, além de suporte a sistemas multiroom como Sony Party Streaming, Yamaha MusicCast e AirPlay 2. Você pode usar o recurso “Play to” para enviar conteúdo a um dispositivo específico ou a um grupo de dispositivos ao mesmo tempo.

Para quem gosta de bibliotecas bem organizadas, o Home Media Server possui scripts para buscar dados em bancos de filmes na Internet, integrando fontes como IMDb, TheMovieDB e TheTVDB, o que enriquece a apresentação de filmes e séries com capas, sinopses, elencos e outras informações.

O software também oferece navegação via Web com player HTML5 integrado, permitindo que dispositivos sem suporte nativo a DLNA acessem a mídia pela rede. Isso é particularmente útil para notebooks, alguns tablets e smart TVs que têm navegador, mas não expõem um cliente DLNA robusto.

Além disso, o Home Media Server é compatível com emulação de Digital Media Renderer para dispositivos AirPlay e Google Cast, o que amplia o leque de equipamentos que podem receber conteúdo diretamente do servidor.

A personalização da estrutura de mídia é outro diferencial: você pode ajustar a forma como pastas e categorias aparecem para cada dispositivo, criar pastas dinâmicas cujos itens são gerados por scripts, e assim moldar a navegação de acordo com o tipo de cliente (TV, console, celular etc.).

Para instalar o Home Media Server no Linux via Snap, é obrigatório ter o suporte a Snap habilitado na distro. Em Ubuntu e derivados mais recentes, isso já vem configurado por padrão; em outras distros, você pode seguir tutoriais específicos para ativar o Snapd.

Uma vez com o Snap configurado, a instalação da versão estável do Home Media Server é feita por linha de comando, executando o comando sudo snap install home-media-server em um terminal. Isso fará o download e a instalação do servidor com todas as dependências integradas.

Se você quiser testar a versão candidate (mais recente, porém possivelmente menos estável), pode instalar com o comando sudo snap install home-media-server –candidate, que buscará o canal de distribuição candidato em vez do estável.

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Para manter o servidor sempre atualizado, basta usar o comando de atualização do Snap. Periodicamente, você pode rodar sudo snap refresh home-media-server para puxar as últimas correções e melhorias disponibilizadas pelo desenvolvedor.

Depois de instalado, você pode iniciar o Home Media Server pelo menu de aplicativos da sua distro – normalmente em “Aplicativos”, “Dash” ou “Atividades” – procurando pelo nome do programa. Em um terminal, também é possível digitar parte do nome, como home, e usar a tecla TAB para autocompletar, dependendo do shell.

Se em algum momento você decidir remover o servidor, a desinstalação via Snap é igualmente simples: abra um terminal e.execute sudo snap remove home-media-server. Isso apagará o pacote Snap; lembre-se de cuidar dos diretórios de configuração e da biblioteca de mídia se quiser limpar tudo.

Aprendendo Linux e NAS com um projeto de servidor multimídia

Uma forma muito prática de aprender Linux e conceitos de NAS é justamente criar um projeto real de servidor multimídia para a sua TV, partindo de um hardware que você já tem em casa – por exemplo, um ThinkPad antigo, um desktop encostado ou até um mini PC.

Um cenário comum é instalar Linux nesse notebook/PC, conectá-lo via HDMI à TV e usá-lo tanto como cliente (rodando Kodi, por exemplo) quanto como servidor de arquivos e de mídia para outros dispositivos na rede. Nesse caso, a própria máquina ligada à TV acessa a pasta local ou um servidor Jellyfin/Plex que está nela mesma.

Se você quer que o conteúdo também fique acessível no PC principal e ainda servir como backup, pode configurar o notebook/servidor para exportar pastas via Samba (para Windows) e NFS (para Linux), ou ainda usar um servidor multimídia como Jellyfin ou Plex para streaming de mídia e, em paralelo, uma solução de backup para arquivos importantes.

Muita gente pensa em “hospedar” a mídia em um NAS virtual com disco externo em RAID. Isso é possível usando virtualização (por exemplo, rodando uma VM com uma distro de NAS em cima do Linux), mas, para uso doméstico, muitas vezes é mais simples montar o arranjo de discos diretamente no host Linux usando mdadm, LVM ou ZFS, e então compartilhar as pastas a partir daí.

Independentemente de você optar por RAID em hardware, RAID em software ou apenas múltiplos discos sem RAID, é importante reforçar que backup em um segundo local (outro HD, outro computador, nuvem etc.) é essencial. RAID protege mais contra falha de disco, não contra exclusões acidentais, ransomware ou corrupção de dados.

Dúvidas comuns: acessar o servidor na TV, console e celular

Uma das dores de cabeça mais mencionadas por quem monta o primeiro servidor de mídia em Linux é: “Subi o servidor, mas meu celular, TV ou Xbox não encontra nada na rede”. Isso é bastante comum e costuma ter relação com três fatores principais: protocolo errado, firewall ou ausência de aplicativo adequado no cliente.

No caso de servidores DLNA/UPnP (como MediaTomb, Gerbera, Home Media Server, Universal Media Server), é preciso que a TV ou o console procure dispositivos DLNA na rede. Em muitos modelos, isso aparece como “Servidor de mídia”, “Mídia da rede”, “Compartilhamento” ou algo semelhante no menu da TV ou do videogame.

Se o dispositivo não enxerga o servidor, verifique primeiro se todos estão na mesma rede local (mesmo roteador, mesmo segmento de IP) e se o firewall do Linux não está bloqueando portas e multicast usados pelo DLNA. Em distros que habilitam firewall por padrão, talvez você precise criar regras para permitir o serviço.

Em celulares Android e tablets, quase sempre é necessário instalar um aplicativo cliente DLNA ou específico do servidor. Um exemplo é o Twonky, mas há dezenas de outros apps DLNA na Play Store. Se estiver usando Plex, Emby ou Jellyfin, é mais indicado baixar o aplicativo oficial correspondente, que já descobre automaticamente o servidor e apresenta a biblioteca com todos os metadados.

Consoles de videogame como Xbox 360, Xbox One e PlayStation 3/4/5 geralmente detectam servidores DLNA na rede, mas podem ter limitações de formato e requerer que a transcodificação esteja bem configurada no servidor. Verifique se o servidor é mesmo DLNA e se o seu software (por exemplo, MediaTomb ou Gerbera) está com o perfil correto para esses dispositivos.

Um usuário iniciante relatou exatamente essa situação: montou um servidor de mídia em um PC com Debian (Cruchbang, por exemplo), com 2 GB de RAM, dois HDs SATA e roteador Wi-Fi D-Link, mas o PlayStation não reconhecia o servidor MediaTomb e o aplicativo Twonky no celular não acessava os arquivos da rede. Nesses casos, a chave é garantir que:

  • O servidor esteja em execução, escutando na interface de rede correta (não só em localhost);
  • As portas necessárias estejam liberadas no firewall;
  • Os clientes sejam compatíveis com DLNA ou com o protocolo/cliente usado (Plex, Emby, Jellyfin etc.);
  • As pastas de mídia estejam devidamente indexadas pelo servidor.

Quando o tutorial explica a configuração do servidor, mas não aborda a parte de clientes, é comum achar que a TV “vai só aparecer mágica na rede”. Na prática, cada TV, console ou celular tem seu caminho específico para acessar a mídia, e muitas vezes um app adicional é indispensável.

Além dessas questões, é fundamental verificar se o roteador não está isolando dispositivos Wi-Fi entre si (funções como “AP isolation” ou “cliente isolado”), pois isso impede que um aparelho veja o outro, mesmo estando tecnicamente na mesma rede.

No fim, depois de ajustar esses detalhes, a experiência fica bastante fluida: você navega pela biblioteca no celular ou na TV, escolhe o filme, e em segundos o servidor Linux começa a servi-lo, convertendo o formato se necessário.

Montar um servidor multimídia em Linux, portanto, passa por entender um pouco de hardware, escolher bem a distro, dominar ao menos uma ferramenta de servidor (Plex, Jellyfin, Kodi, Home Media Server, Emby, Gerbera etc.) e saber qual aplicativo usar em cada cliente. Quando todas as peças se encaixam – drivers funcionando, RAID planejado, DLNA ou apps oficiais configurados e firewall ajustado – você ganha uma central de entretenimento e armazenamento extremamente flexível, que transforma qualquer máquina antiga em um hub de mídia moderno, pronto para servir sua coleção de filmes, séries, fotos e músicas em qualquer tela da casa.

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