- A Nintendo aposta em apps móveis como Miitomo e Nintendo Today! para aproximar jogadores e divulgar novidades.
- Recursos como Nintendo Direct e Virtual Game Card conectam consolas como Switch e Switch 2 ao ecossistema digital.
- O bloqueio de capturas em conteúdos móveis revela maior controlo sobre material promocional da Nintendo.
- O smartphone consolida-se como complemento essencial ao hardware Nintendo, ampliando o alcance das suas franquias.
Acompanho de perto as notícias da Nintendo para smartphones e dá para dizer que o universo móvel da empresa nunca esteve tão movimentado: novos apps, uma enxurrada de jogos chegando à Switch e à futura Switch 2, mudanças polêmicas em capturas de tela e até ideias diferentes para gerir jogos digitais. Tudo isso forma um cenário em que o celular vira cada vez mais um complemento essencial às consolas da marca, incluindo como conectar o Joy-Con a um celular.
Se você quer ficar por dentro de artigos e novidades sobre Nintendo no mobile, desde Miitomo e Nintendo Today! até recursos como Virtual Game Card e anúncios de títulos para iOS e Android, este guia reúne de forma detalhada tudo o que foi revelado, recontando as informações em português num tom mais leve, mas sem deixar escapar nenhum detalhe importante.
Da NX à Nintendo Switch 2: o caminho da nova consola
A história recente da Nintendo no hardware passa por um ponto-chave: o antigo codinome NX, que hoje conhecemos como a linha Nintendo Switch e, por extensão, a tão aguardada Switch 2. Ainda na divulgação de resultados do ano fiscal encerrado em 31 de março, a empresa comunicou pela primeira vez a existência dessa nova consola, então tratada apenas como NX.
Na época, o presidente Tatsumi Kimishima já deixava claro o plano de crescimento não só em consolas tradicionais, mas também em dispositivos móveis e em novos modelos de entretenimento baseados em jogos e licenciamento. A mensagem era direta: ampliar a base de jogadores que têm algum tipo de contato com as propriedades da Nintendo, seja em hardware próprio ou em smartphones.
O cronograma apresentado colocava o lançamento da NX para março de 2017, com a curiosidade de que ela não seria mostrada na E3 daquele ano em Los Angeles, mas em um evento separado mais tarde em 2016. Essa estratégia de apresentação em momentos próprios, fora de grandes feiras, acabou se tornando marca registrada da empresa, reforçada depois pelos Nintendo Direct.
Ao mesmo tempo, a Nintendo confirmou que o novo The Legend of Zelda chegaria em versão dupla, tanto para Wii U quanto para NX, desenvolvidas em paralelo. O título foi escolhido como grande foco da participação da companhia na E3: na feira, apenas a edição para Wii U seria jogável, e seria o único jogo disponível em formato jogável no estande, para garantir uma imersão completa nesse projeto.
Miitomo: o primeiro passo da Nintendo nos smartphones

Antes de Nintendo Today! e outros apps, a primeira grande aposta móvel da Nintendo foi Miitomo, uma aplicação social gratuita para smartphones e tablets. Lançado no Japão em 17 de março e em países como Espanha em 31 de março, o app rapidamente alcançou a marca de 10 milhões de utilizadores no mundo.
Em termos de rankings de download, Miitomo estreou com números impressionantes em Espanha: no Google Play, chegou ao primeiro lugar na categoria de aplicações sociais em 6 de abril; na App Store para iPad, liderou tanto a categoria de redes sociais em 31 de março quanto o ranking geral de apps em 2 de abril; já na App Store para iPhone, ficou em terceiro lugar em redes sociais em 2 de abril e em quarto lugar no ranking global em 1.º de abril.
O app se destacava pelo formato de conversas mediadas pelos personagens Mii, avatares que o usuário criava e personalizava. Segundo dados oficiais, Miitomo já tinha gerado mais de 300 milhões de conversas em pouco tempo, mostrando que a proposta de perguntas e respostas divertidas entre amigos tinha forte poder de engajamento.
Outra funcionalidade muito usada eram as Miifotos: era possível inserir o seu Mii em fotografias, criar montagens e depois partilhar essas imagens em diferentes redes sociais. Essa mistura de personalização e humor ajudou o app a viralizar, servindo como porta de entrada para o ecossistema de contas e serviços da Nintendo em dispositivos inteligentes.
Para celebrar a marca de 10 milhões de utilizadores, a Nintendo planejou uma campanha especial de dez dias, entre 29 de abril e 8 de maio, com uma promoção dedicada à comunidade. Era um sinal claro de que a empresa estava testando não apenas mecânicas sociais, mas também formatos de eventos e recompensas no universo mobile.
Próximos apps móveis: Fire Emblem e Animal Crossing
Animada com a receção positiva de Miitomo, a Nintendo anunciou duas novas aplicações móveis baseadas em franquias de peso: Fire Emblem e Animal Crossing. A intenção era lançar ambas no outono, elevando o nível de experiência em comparação com o foco social de Miitomo.
No caso de Fire Emblem, o objetivo declarado era tornar a série de estratégia e RPG mais acessível em relação às versões para consola, mas sem abrir mão da qualidade típica da franquia. Isso significava adaptar batalhas táticas, personagens carismáticos e narrativa envolvente para uma jogabilidade mais direta em ecrãs de toque.
Já o app de Animal Crossing foi concebido como um complemento ligado ao mundo das consolas, com a ideia de que jogar tanto no smartphone quanto na consola multiplicaria a diversão. Interações entre as duas plataformas permitiriam que o utilizador sentisse que o seu universo de aldeia e vizinhos animais estava sempre ao alcance da mão.
Ao contrário de Miitomo, que era mais uma rede social gamificada, essas duas aplicações seriam jogos completos, com conteúdos intimamente relacionados às séries principais da Nintendo. A promessa era agradar diferentes tipos de públicos e perfis de jogadores, indo de fãs de longa data a curiosos que conheceriam as franquias primeiro no celular.
Conforme a data de lançamento se aproximasse, a Nintendo sinalizou que divulgaria mais detalhes sobre as mecânicas de jogo, modelos de monetização e integração com as consolas. Essa estratégia mostrou desde cedo que os smartphones seriam usados tanto para experiências independentes quanto para expandir universos de sagas já consolidadas.
Nintendo Today!: todas as novidades da Nintendo no seu smartphone
Mais recentemente, um dos anúncios mais comentados foi o de Nintendo Today!, uma aplicação para iOS e Android apresentada em um Nintendo Direct de 27 de março. O app foi mostrado como resposta à necessidade de concentrar, em um só lugar, todas as novidades da empresa para quem vive de olho em consolas, jogos e eventos.
O Nintendo Direct em questão aconteceu pouco antes da apresentação da sucessora da Nintendo Switch, a futura Switch 2. Mesmo assim, o destaque para o aplicativo de smartphones chamou a atenção, justamente porque ele funciona como uma ponte entre anúncios oficiais, trailers, promoções e o calendário de lançamentos.
Nintendo Today! traz atualizações diárias com base nos interesses do utilizador, permitindo seguir temas, séries ou tipos de conteúdos específicos. Muita gente passou a usar o app constantemente para não perder directs, revelações de novos jogos ou datas de eventos especiais da marca.
Além das notícias, uma funcionalidade que se sobressai é o calendário de eventos, que ajuda a acompanhar Nintendo Direct, estreias de títulos, campanhas sazonais, torneios online e outras atividades. Na prática, o aplicativo transforma o smartphone em central de agenda para quem acompanha o ecossistema Nintendo de forma intensa.
O lançamento de Nintendo Today! foi feito de imediato: a aplicação ficou disponível gratuitamente na App Store e no Google Play logo em 27 de março, data do Direct em que foi apresentada. A aposta, aqui, é aumentar o número de downloads e manter os fãs frequentemente conectados às novidades – algo que pode influenciar diretamente em vendas de jogos e serviços.
Bloqueio de capturas de ecrã: DRM no conteúdo da Nintendo no mobile
Uma das polêmicas mais curiosas no universo de Nintendo para smartphones surgiu quando utilizadores começaram a notar um bloqueio em capturas de ecrã e gravações dentro do aplicativo Nintendo Today e em outros conteúdos promocionais, especialmente relacionados à Switch 2.
Discussões em comunidades como Reddit mostraram que surgiu uma espécie de DRM que impede gravar ou tirar screenshots de certos materiais. Ao tentar capturar a tela, em vez da imagem do jogo ou do trailer, o utilizador passa a ver apenas um ecrã preto, comportamento semelhante ao de plataformas como a Netflix.
Relatos práticos confirmam o bloqueio em diversos dispositivos Android, como Google Pixel 7a, Xiaomi 15 Ultra e Poco F5 Pro. Em todos esses casos, o resultado é o mesmo: a tentativa de gravar partidas ou clipes de jogos como Mario Kart World pelo smartphone resulta em vídeo sem imagem visível do conteúdo original.
A medida não foi destacada em nenhum anúncio oficial, o que fez com que muitos fãs só percebessem a mudança quando começaram a comentar em fóruns e redes sociais. A especulação é de que a Nintendo esteja tentando reduzir o vazamento e o arquivamento informal de material promocional, especialmente pensando em trailers e demos de Switch 2.
Mesmo com a barreira técnica, a comunidade rapidamente encontrou formas de contornar o bloqueio: o método mais óbvio é usar outro telemóvel ou câmara externa para gravar a tela de um smartphone que esteja a reproduzir Nintendo Today!. A solução é rudimentar e perde qualidade de imagem, mas mostra como é difícil travar completamente o compartilhamento de conteúdo em tempos de redes sociais.
Nintendo Today! entre elogios e críticas
Apesar da controvérsia sobre DRM, muitos utilizadores consideram o Nintendo Today! um app bem conseguido, com interface agradável e funções interessantes para quem quer acompanhar novidades de Switch, Switch 2 e demais projetos.
Um dos pontos elogiados é a interface agradável, que facilita navegar entre notícias, trailers e o calendário de eventos, tornando o uso diário mais confortável para os fãs.
Ao mesmo tempo, há quem aponte que a Nintendo parece mais preocupada em controlar a circulação de conteúdo do que em facilitar a partilha de material promocional que, no fim das contas, também é uma forma gratuita de publicidade. O bloqueio de capturas lembra o “excessivo zelo” que muitas empresas demonstram na proteção de propriedade intelectual, às vezes em detrimento da criatividade e da comunidade.
Existem até relatos de bots criados por fãs que monitoravam o que era publicado e arquivavam tudo em outras plataformas, algo que agora também pode estar com os dias contados. Essa tensão entre preservação de catálogo, liberdade de partilha e direitos autorais é um tema recorrente no setor de videojogos.
Ainda assim, a impressão geral é que o app funciona como um canal direto da empresa com os jogadores de smartphone, ao mesmo tempo em que reforça o ecossistema das consolas da marca e cria expectativa para cada novo anúncio relacionado à Switch 2 e a futuros lançamentos.
O Nintendo Direct de 27 de março e o foco em Switch 2
O vídeo de 27 de março não trouxe apenas o anúncio de Nintendo Today!, mas também uma série de novidades para quem joga na Nintendo Switch atual e para quem já está de olho na Switch 2. Shinya Takahashi, diretor-geral de desenvolvimento da companhia, explicou que um Direct especial em 2 de abril seria dedicado exclusivamente a falar da tão esperada nova consola.
Nesse Direct de março, foram revelados vários jogos previstos para chegar à Switch nos meses seguintes, combinando lançamentos inéditos, remasterizações e remakes de clássicos, construindo um calendário robusto para 2025 e além.
Entre os títulos com chegada imediata, no próprio 27 de março, estavam Disney Villains Cursed Café, Rift of the NecroDancer e SaGa Frontier 2 Remastered, todos já disponíveis desde o dia da apresentação.
Outros jogos receberam datas específicas ao longo de 2025: Star Overdrive – Speed into the Unknown para 10 de abril; Monument Valley e Monument Valley II em 15 de abril; High On Life em 6 de maio; FANTASY LIFE i: The Girl Who Steals Time em 21 de maio; RAIDOU Remastered: The Mystery of the Soulless Army em 19 de junho; Tamagotchi Plaza em 27 de junho; PAPATON 1+2 REPLAY em 11 de julho; Shadow Labyrinth em 18 de julho; The Wandering Village em 17 de julho; No Sleep For Kaname Date – From AI: THE SOMNIUM FILES em 25 de julho; Gradius ORIGINS em 7 de agosto; STORY OF SEASONS: Grand Bazaar em 27 de agosto; além de lançamentos de verão como Monument Valley III por meio da editora Megabit Publishing.
Para o final de 2025, foram citados projetos de peso como Pokémon Legends: Z-A, bem como títulos previstos para a temporada de festas, incluindo Marvel Cosmic Invasion, Witchbrook e The Eternal Life of Gold – Extended Gameplay. Metroid Prime 4: Beyond, King of Meat e EVERYBODY’S GOLF: HOT SHOTS também foram confirmados para 2025, mas sem datas definidas. Também houve menções a conteúdos móveis, como um guia para capturar Meltan em Pokémon Go, que reforçam a ligação entre consola e mobile.
O calendário ainda se estende a 2026, com o anúncio de Rhythm Heaven Groove e Tomodachi Life: Living the Dream, reforçando que a Nintendo planeia um fluxo contínuo de jogos, tanto para a geração atual quanto para a transição à Switch 2.
Virtual Game Card: nova forma de gerir jogos digitais
Outro destaque importante apresentado foi o conceito de Virtual Game Card, uma funcionalidade que pretende trazer a sensação dos cartuchos físicos para o universo digital. A ideia é organizar e gerir os jogos digitais como se fossem cartões virtuais visíveis na interface da consola.
Ao comprar um jogo digital, ele passa a aparecer na área de gestão sob a forma dessa “carta virtual”, o que facilita visualizar o catálogo de forma mais tangível. Para quem gosta da sensação de coleção física, a abordagem tenta replicar essa experiência no ambiente digital.
Um ponto interessante é a possibilidade de transferir esses jogos a outra consola usando comunicação local, embora apenas na primeira vez. Depois de transferido uma vez, o título permanece associado ao novo sistema, criando um paralelo, ainda que limitado, com a ideia tradicional de emprestar um cartucho a alguém.
Além disso, a Nintendo descreveu uma função de empréstimo temporário para outros membros do grupo familiar da conta Nintendo: jogos podem ser cedidos por duas semanas e retornam automaticamente ao proprietário original ao término do período. É uma tentativa de equilibrar partilha entre familiares e proteção contra abuso na distribuição.
Segundo o anúncio, o recurso de Virtual Game Card deve tornar-se disponível a partir de abril de 2025, o que indica que a Nintendo segue explorando novas formas de gerir bibliotecas digitais, algo cada vez mais relevante à medida que os catálogos crescem e os jogadores alternam entre consolas e, potencialmente, futuras gerações como a Switch 2.
Jogos e apps multiplataforma: do console ao smartphone
A estratégia atual da Nintendo mostra uma forte aposta em experiências multiplataforma, em que um mesmo universo de jogo se faz presente não só em consolas como Switch e Switch 2, mas também em PC e dispositivos móveis iOS e Android.
Um bom exemplo é o anúncio de KochiKame: Ryo-san’s Billion-yen, programado para chegar a uma variedade impressionante de sistemas: PS5, Xbox Series, Nintendo Switch 2, Switch original, PS4, PC, além de versões para iOS e Android. Esse tipo de lançamento simultâneo reforça que o smartphone se consolidou como plataforma central no mercado de videojogos.
Da mesma forma, o catálogo citado no Direct de março inclui títulos originalmente conhecidos no mobile, como Monument Valley e Monument Valley II, que ganham espaço no ecossistema Nintendo. Isso mostra um fluxo de mão dupla: franquias da Nintendo indo para o mundo móvel, e experiências nascidas no mobile que passam a integrar a biblioteca da Switch.
Esse cenário acontece num contexto em que o entretenimento interativo cresce de forma contínua e o telemóvel é o dispositivo principal para jogar e até transmitir partidas de Pokémon Go para muita gente. A indústria deixou de ser um nicho para adolescentes, passando a englobar públicos de várias idades, com desafios como vício, microtransações e representatividade a serem discutidos com seriedade.
No meio disso tudo, a Nintendo procura manter a sua identidade própria, apostando em personagens icónicos como Mario, Yoshi, Donkey Kong e Zelda, ao mesmo tempo que experimenta modelos de negócio e integrações novas, sempre com o cuidado de preservar a percepção de diversão familiar e acessível.
Enquanto os preços de consolas e jogos geram debates acalorados entre jogadores – em especial quando uma nova geração como a sucessora da Switch se aproxima – o uso de smartphones como plataforma paralela ajuda a ampliar o alcance das marcas, oferecendo experiências mais leves ou complementares a quem não pode investir sempre em hardware topo de linha.
Nintendo, cultura pop e o papel do mobile
A presença da Nintendo está entranhada na cultura pop: referências a Nike, Jordan, Game Boy, anos 80, propaganda e capitalismo mostram como a marca está entranhada na cultura pop, inspirando artigos, análises e debates sobre consumo, nostalgia e formas de entretenimento.
Consolas como a Switch, que bateu recordes de vendas e elevou o valor de mercado da empresa a dezenas de milhares de milhões, tornaram-se símbolo de uma geração que cresceu com o Super Nintendo, o Game Boy e afins, e que agora faz fila para adquirir a Switch 2, mesmo na casa dos 30, 40 anos ou mais.
Eventos como salões de manga e festivais geek gigantescos e museus dedicados a videojogos também reforçam essa expansão cultural. Em feiras de anime, por exemplo, é comum ver filas para testar o novo Mario ou acompanhar painéis sobre sagas como The Legend of Zelda, que segue quebrando convenções com títulos como Echoes of Wisdom.
Os smartphones entram nesse cenário como a tela que sempre está no bolso, permitindo acompanhar directs, trailers, notícias, artigos de opinião e até transmissões de campeonatos, tudo via apps como Nintendo Today!, redes sociais e portais de notícias especializados em tecnologia e cultura digital.
À medida que o debate sobre criatividade, remasterizações, direitos autorais e adaptação de jogos para cinema e séries se intensifica, o papel da Nintendo em proteger suas propriedades intelectuais e o impacto emocional de franquias que atravessam décadas ficam cada vez mais em discussão.
A combinação de novos apps como Miitomo e Nintendo Today!, funcionalidades inovadoras como Virtual Game Card, calendários carregados de lançamentos e o avanço rumo à Switch 2 mostra uma Nintendo profundamente conectada ao universo dos smartphones, usando o mobile não como substituto, mas como aliado para comunicar novidades, aproximar jogadores e expandir o alcance dos seus mundos virtuais.
